FALATÓRIOS
Clínica da Razão PráticaResumo
Nesse Falatório, que dá prosseguimento às questões encaminhadas no ano anterior, são abordados os campos da Política, da Ética e do Direito, apresentando-se novas possibilidades de entendimento e manejo das questões que daí emergem, quando consideramos a psicanálise a verdadeira via: a via da neutralidade possível em relação a toda e qualquer formação que se apresente como norteadora da política, da ética e do direito em vigor na sociedade. A análise avança, articulando agora temas como: Autoria e Sede, responsabilidade e Responsividade, Capital, Gosto, Institucionalização e Vínculo.
O Revirão é precisamente o que permite à psicanálise esse fôlego analítico e propositivo. Abstraindo as operações de base da Mente pulsional tal como proposta pela psicanálise desde Freud, o Revirão exibe a competência mental de máxima aplicação (embora esquecida) para cada um de nós. Isto é, a consideração de todo e qualquer fato como da ordem do que Há, sem (muito) susto com isso, mas também sem exclusão renitente ou recalcamento severo de qualquer das posições, de modo a se poder acompanhar em alternância suas possíveis manifestações. Alegria de estarmos condenados a Haver, sendo mesmo impossível, ainda que desejado, experimentar diferente.
A originalidade e a força deste trabalho deitam raízes num investimento ininterrupto de produção e análise sustentado ao longo de mais de 30 anos. Obra que afina a produção psicanalítica novamente e dá de bandeja ao público intervenção adequada nas questões mais importantes do início do século XXI – que se renovam na escrita sempre criativa desse que é seguramente um dos mais argutos pensadores de hoje.
Sumário
1 – 21 Abr: Lugar da P$A
Política, ética e direito em relação à psicanálise – Em psicanálise, política e direito dependem de ética – Estatuto da psicanálise é místico, seu paradigma é sexual e seu fundamento é ALEI – Tomás de Aquino: a fé vem sempre antes da Razão – Nayla Farouki: razão como faculdade de escolher – Invenção dos conceitos transcendentais – Razão egípcia x razão grega – Impossível síntese entre transcendental e transcendente – Psicanálise é terceira via: a via da neutralidade, a via da indiferença – Erro de Freud e Lacan: querer fazer síntese – Des-sintomatizar a história judaico-cristã da psicanálise – Psicanálise aplica as razões grega egípcia alternadamente.
2 – 12 Mai: Preliminares ao entendimento da marionete
Gore Vidal / Timothy McVeigh – Ética da HiperDeterminação – Campo neo-etológico diferencia as pessoas – Toda formação do Haver é um sintoma – Poder, desejo e vontade – Psicanálise não é um humanismo – Sintoma não é virtude – Didier-Weill: três tempos da lei – O pensamento lacaniano é terminal – Liberdade e livre-arbítrio em referência à HiperDeterminação – IdioDeterminação: determinação da Idioformação – Dois níveis de ‘liberdade’: agonística da sobredeterminação e agonística da intervenção da HiperDeterminação – Sujeito escolhedor – Idionomia: os energúmenos – Idioformação: o idiota – Causalidade psíquica depende dos níveis primário, secundário e originário – Sujeito e liberdade – Autoria e séde – Identidade de uma Idioformação – Só há liberdade (relativa) entre forças – Didier-Weill: culpabilidade – Gregos envergonhados e semitas culpados – Ninguém abre mão de seu desejo – O energúmeno fundamental: o responsivo – Não sabemos muito bem o que fazemos.
3 – 26 Mai: Politéia: e a guerra se viu (introdução)
Clínica da questão política: o que pode a psicanálise? – Quatro questões kantianas: ‘o que posso saber?’ – ‘O que devo fazer?’ – Estatuto ético – Irresponsabilidade do indivíduo – Risco de pensar – ‘O que posso esperar?’ – Ascese pessoal à prática da HiperDeterminação – Regime de liberdade: embate entre formações – ‘O que é o homem?’ – Humanismo x Idioformação – O que não tem razão hoje? – Ética: estudo sobre os possíveis comportamentos da Idioformação – A razão é sempre sintomática – Formação decisora: formação dominante – Teoria da decantação sintomática – Teoria do tesouro das formações – Teoria da especiação secundária – Psicologia é diferente de psicanálise? – Teoria do absolutismo adhoc – Estados do Haver – Humanismo defacies kantiana – ‘Nada obriga’ x ‘dever, portanto, direito’.
4 – 09 Jun: Politéia: e a guerra se viu (continuação)
Guerra do humanismo contra o teísmo – Tendência a recair no sintomático – Relativizar x relativismo – Três teorias ‘psicanalíticas’ adscritas a três narrativas monoteístas (semíticas) – Sintomática bíblica: pecado tomado como falta original – Psicanálise x nazismo ou bibliísmo – Há excesso, e não falta – Psicanálise pensa a política para antes de estado e cidadania – Augusto dos Anjos e Fernando Pessoa: não-humano – Heidegger e Carl Schmitt: tentativa de escapar d’O Livro – Nietzsche e Freud: grande via sem aderência sintomática – Carl Schmitt: visão do político próxima à da psicanálise – O que é a soberania? – Soberania da psicanálise – Hipótese Deus: Gnoma – Amigo/inimigo – A guerra e seus níveis – Política das formações.
5 – 23 Jun: O putativo
Putar, imputar – Toda imputação é putativa – Zonas focal e franjal das formações envolvidas na imputabilidade – Determinação política do foco da imputação e suas franjas – Psicanálise não opera na medianidade das formações – Imputação: não levar em conta o pleno conhecimento da lei pelo suposto transgressor – Liberdade só existe no confronto entre poderes sintomáticos – Imputabilidade faz supor a liberdade – Não há liberdade sem responsabilidade – Instauração da lei é denegatória de saída – Instauração de soberania é um ato de violência – Sintoma não é virtude ou vício – Responsabilidade do estado – A denegação precisa focalizar: as franjas não existem – Responsabilidade envolve todos em vinculação absoluta – Nada obriga ¹ ‘posso, logo devo’ – São Bernardo: formação produtora de imputabilidade – Friedrich Hayek: responsabilidade e liberdade – Culpabilidade por aderência sintomática – Sade ¹ Gilles de Rais.
6 – 07 Jul: Imputabilidade da psicanálise
Abordagem de um conjunto de formações é sempre focal – Imputabilidade é focal – Séde, lesão e imputabilidade – Paul Ricoeur e Hans Kelsen – Friedrich Hayek: autoridade e anterioridade da fé pedagógica – Imputabilidade é necessariamente perversa – Imputabilidade põe estado de fobia – ‘Razão cínica’ – Perversidade de qualquer lei – ‘Crueldade’ – Fundação morfótica do estado na instauração da lei – Todo totalitarismo é fake – Imputabilidade não é determinada e determinante no regime psicanalítico – A psicanálise Inventou Freud.
7 – 04 Ago: Por igual
Igualdade – Morfose (perversidade) da lei – Amartya Sen: desigualdade reexaminada – Denegação fundamentando o procedimento mental de um teórico – Igualdade da satisfação – Quarto Império: social que joga sem denegação – Vínculo Absoluto: originariedade da igualdade de todas as Idioformações – Postura não denegatória do analista: situar o Quarto Império – Reconhecer o abstrato do teológico – Jusnaturalismo sem conteúdo.
8 – 18 Ago: O escantilhão do poder
Democracia: princípio das especulações filosófico-políticas – Sócrates: limites da democracia e limitação da cicuta – John Rawls: eqüidade e justiça social – Discurso compromissado com a manipulação dos sintomas – Escantilhão do poder – Co-naturalização daqueles cuja constituição de formações coincide com a constituição de formações da situação – Psicanálise: reconhecer a existência dos escantilhões – Século XXI: considerar o campo de forças sem critério de valor quanto a normatividades – Quarto Império emergente – Max Weber: sobrou o capitalismo, e não a ética protestante – Bolsa de valores: significante é dinheiro, o resto é significado – Jean-Joseph Goux: frivolidade do valor – Psicanalistas: nem liberais, nem libertários, mas próximos dos libertinos.
9 – 01 Set: Dindinho
Sintoma não é virtude: boa sorte não é competência – Crise financeira denegada como crise da psicanálise: estragos gerais – Prostituição generalizada – Econômico: teoria dos quanta, de Freud – Diferença entre normais e neuróticos é quantitativa (Freud) – Trauma: razão entre sobrecarga de excitação e resistência do psiquismo – Teoria do mais-gozar – Discurso do dono – Nazismo: capital conjugado a trabalho / Marxismo: conflito entre capital e trabalho – O excesso é estruturante – Objeto a: resto do querer excessivo – Não-Haver: das Ding: objeto a – Economia libidinal (Freud): mais-valia (Marx) e mais-gozar (Lacan) – Cumprimento da ALEI: HiperDeterminação: excedente: apropriação – Mesmo capitalismo sempre: escravo / servo / operário / robô – Ato capitalista: apropriação – Psicanálise: apropriação como alienação de sua própria operatividade sobre as formações do Haver – Etienne de la Boétie: Discurso da Servidão Voluntária – Modelo da economia do Haver: inserido na ALEI – Séde da emergência = lugar de escravo / apropriação = função dono – Sucessivos atos de apropriação forçam emergência do Originário – Dono do escravo: desejo de não-Haver – Lacan: o inconsciente é capitalista – Capitalismo sintomático anterior ao capitalismo histórico – ALEI: fundamento da mais-valia – O inconsciente (o Haver) é capitalista – Princípio de catoptria: dono de última instância – Forçação do creodo antrópico – Dois capitalismos: o liberal e o social – Capital e trabalho: banda de Moebius.
10 – 15 Set: Regras de Jogo
Revirão inscrito no computador quântico – Guerra do mesmo – Políticas da amizade – Solidariedade: formação reativa – Discursos sobre a amizade: histórico homossexual-masculino – “Chega de amor” – Vocação nazista invertida: função fraterna: operação fratricida – Amizade: enquanto atrito não chega ao limite – Paradigma homossexual: impressão de exemplaridade generalizável – Pederastia: pedofilia: putaria – Amigo e inimigo: formações pró e formações contra – Idioformações: colegas no Haver (Vínculo Absoluto) – Solitariedade: modo de transação entre colegas – Lei exarada à força: assimilada como sintoma: servidão voluntária: neurose – Lei como regra de jogo – Só há liberdade entre Idioformações – Política ¹ partido político – De Soto: capitalismo distributivo – Barbárie é anti-capitalista.
11 – 06 Out: Amadeus / Deus os-ama
Lugar do Gnoma: vazio – Fanatismo é a fé dos outros – Nova York: implosivo retorno do recalcado – Império: mais-repressão para Acabar com “Terrorismo” – Juízo Foraclusivo ou inclusivo: acolhimento do recalcado como outro alelo possível de inclusão – Gnoma tomado como artefato hipostasiado – Paradoxalidade da fundação de um monoteísmo e sua configuração – De Soto: inclusão no sistema – Sintoma social de regra x sintoma institucional ou documental de regra – Legiferação sintomatizante x regras adhoc – Tecnologia desinibida e capitalismo assumido: ceticismo de trottoir – Institucionalizar: dessintomatizar: regras adhoc de jogo – Capitalismo agonístico: capitalismo sofisticado: dispersão do capitalismo e ebulição da escravatura – Estar no mundo ¹ Amor Mundi – Inconsciente: jogo da máquina hiperdeterminante (Revirão) com as formações recalcantes – Comunismo genético – DNA secundário – Capitalismo (psic)analisado: Prometeu desacorrentado: instauração de algum comunismo – Apropriação de mais-valia para todos – Experiência de Real: absoluta indiferença – Institucionalizar: permanente processo de secundarização.
12 – 20 Out: “A guerra do gosto”
Reconhecer e aceitar gosto: indiferença – Só há guerra do gosto – ICS: entre Haver e não-Haver – Revirão: máquina nem vazia nem cheia – ICS: Freud, Lacan, Lévi-Strauss – Sujeito: ego que resvala – Formação ordenadora de mundo: formação vencedora de guerra de gosto – Idioformação: lugar do Gnoma em Revirão ¹ Sub-jectum– Toda formação é ad-jectum – Idéia de subjetivação compromissada com hipóstase: macaco resvalante – Ato-falho: atrito de sistemas / emergência do localmente recalcado sem forçar HiperDeterminação – Reconhecer o trágico: exigir o impossível de reverter – Racional: Gnoma ¹ Razão / desrazão – Ética, estética, política: guerra do gosto – Desejo do analista: desejo do homem (de Ã) – Entendimento da análise: impossível sem arcabouço teórico – Ibn’ Arabi: teórico x adepto – Institucionalização da psicanálise – Analista: só-depois do ato.
13 – 10 Nov: Diferocracia
Ontologia da psicanálise é sexual – ALEI: vontade de devoração – Psicanalista: indiferente e sem caráter: Macunaíma – Democracia não é o horizonte da psicanálise – Diferocracia: diferença radical como princípio diretor da intervenção psicanalítica: reconhecer ALEI como geratriz de diferença – Princípio de diferocracia: perene produção de expedientes de convivência das diferenças – Princípio de Idioformação: valor universal capaz de fundamentar deontologicamente a ética da psicanálise: índole jusnaturalista – IdioDireitos: Vínculo Absoluto de todas as Idioformações com o Haver repercutindo nas não-Idioformações – Absoluta bendição da psicanálise a qualquer formação – Estado das formações dominantes impõe sua conjuntura como imperativo sintomático – Originário: fundamento das Idioformações – Pactos e contratos: antecedentes sintomaticos (decisionistas e normativistas) – Política da psicanálise: sustentação funcional da geratriz das diferenças: inquirição permanente do poder – Sinergias de formações – Séde e acesso – Mangabeira Unger: experimentalismo democrático – Política experimental: exercício da absoluta inclusão – ALEI é experiencial.
Prática da Razão Clínica – Funcionamento d’ALEI: “Paranóia da autodestruição”: “ímpeto ancestral para o sacrifício”: hegemonia da pulsão – Gnoma: Deus, Eu, orgia, satori, exasperação,Ah!, Vínculo Absoluto – Gnoma: Princípio hologramático – Idiologia: conhecimento das Idioformações – Satori: entre Haver e não-Haver – “Revelação” mediante HiperDeterminação: supostamente feita por Deus – ALEI como o Ser do Haver – Arreligião profana – Acesso ao inconsciente: Velázquez, Mir Dimad e Mulla Sadra – Guerra anti-terrorismo: guerra de religiões: fundamentalismo islâmico x fundamentalismo calvinista – Secularização denegatória – Todo saber é religiosamente sustentado – Precedência mística como estatuto da criação – Psicanálise é Arreligião – Messias (Freud): seu retorno (Lacan) – Recrudescência das formações sintomáticas religiosas – Instituições psicanalíticas: fingimento de saber superador e estrutura religiosa de baixa extração.
Anexos: A desfaçatez - A ‘Hipótese Deus’ e a Dedução Científica da Psicanálise:
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