SEMINÁRIOS
Comunicação e Cultura na Era GlobalResumo
Local: Forum de Ciência e Cultura (UFRJ) e CFCH - Centro de Filosofia e Ciências Humanas (UFRJ)
Em 1986, MD Magno apresenta a reformatação da psicanálise que ficou conhecida como Nova Psicanálise. No final de 96, introduz a Transformática, uma teoria psicanalítica da Comunicação. Na seqüência, em seu Seminário de 97, intitulado Comunicação e Cultura na Era Global [proferido no Forum de Ciência e Cultura da UFRJ], temos vinte e duas seções onde aplica a Transformática para retomar conceitos já apresentados em Seminários anteriores e também para debruçar-se sobre o que ocorre na Cultura. O mesmo sobre a Comunicação, muito utilizada em filosofemas contemporâneos que estão em busca da idéia de uma democracia da argumentatividade capaz de resolver as questões do mundo atual. E igualmente sobre a Era Global, que fingimos saber o que é e cuja vigência pretendemos estar acompanhando nos processos de disseminação do mercado aberto. Potiguara Mendes Silveira Junior
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O que constitui a modernidade é o fato de que o homem vai se pensar como a fonte de suas representações e de seus atos, como seu fundamento (sujeito), ou ainda como seu autor? A idéia de sujeito ainda serve para alguma coisa... que sirva (além de ser tema de teses universitárias)? E a idéia de autor é mais que o registro das propriedades autorais lançadas no mercado?
O que é o humanismo? Segundo alguns, é a valorização da autonomia (obediência a leis e regras compostas como norma e que foram aceitas livremente), diferentemente do individualismo, que é a valorização da independência(pura e simples afirmação do Eu). Mas como aceitar livremente é constar da idéia de lei que o fato de desconhecê-la não exime ninguém da punição, isto só pode, no máximo, ser entendido como palavra dada entre pares aqui e agora. Ficando o termo ‘livremente’ prejudicado por não haver condição de saber que limites impõem a aceitação e o aval da palavra dada.
Então, a modernidade, como dizem, surgiu culturalmente com a irrupção do humanismo e filosoficamente com o advento da subjetividade? A subjetividade é, no mínimo, plural, múltipla e, na melhor das hipóteses, um conceito que se pode e deve abolir. Se humanismo depender da idéia de autonomia em contraposição à de independência, esta autonomia dificilmente será conseguida, a não ser por consenso em determinado momento. E se esse consenso for aquele capaz de definir, para uma modernidade possível, uma idéia de democracia, qualquer um que, nesse escopo, ocasionalmente venha a pensar (portanto, comprometer-se com o advento do Novo) estará condenado, no máximo, ao linchamento e, no mínimo, ao ostracismo.
Como lidar com a possibilidade de uma transcendência imanente? Ou seja, como declarar e garantir alguma ética quando se reconhece que não há transcendência?
Estas quatro perguntas orientam o percurso de MD Magno neste Seminário, no qual aplica a Transformática, a teoria psicanalítica da Comunicação que apresentara no ano anterior.
Para ele, Cultura se define como “o modo de existência da espécie humana”. E o entendimento da Era Global, supostamente caracterizada pelo apagamento das fronteiras em todos os campos (do conhecimento, da geografia, das crenças etc.), só tem a ganhar se a pensarmos em franco confronto com a recalcitrância em sustentar as fronteiras: a tentativa de apagamento é sempre sustada no ponto exato onde se tornaria passagem para uma ordem inteiramente nova.
Por estas indicações, podemos antever os desenvolvimentos sempre originais de MD Magno quanto ao que a psicanálise tem a dizer sobre a modernidade, que jamais efetivamente se instalou, e sobre o pós-moderno, visto como a expansão da visão moderna no sentido da instalação definitiva de uma modernidade que se deseja e que ainda não se conseguiu (Projeto Pró-Moderno).
Sumário
1 – 13 Mar: Agnus Dei
Considerações sobre comunicação, cultura e globalização a partir do problema da modernidade – Apresentação das bases conceituais da Nova Psicanálise – Esclarecimento sobre a idéia de transcendência imanente.
2 – 20 Mar: ALEI/Revirão
Explicação do princípio de catoptria – Construção topológica do Revirão – Revirão como modelo de operação da mente – Apresentação dos registros de recalque: Originário, Primário e Secundário – Recalque como princípio de entendimento da cultura.
3 – 03 Abr: A ordem implícita
Dinâmica do recalque a partir do Revirão – Recalque Originário como possibilidade de reviramento – Recalque Primário e Secundário como impossibilidade modal de reviramento – Primário é modelo para as formações do Secundário – Secundário: possibilidade de transcrição do Primário – Ordem implícita dos recalques como hierarquia entre os registros Primário, Secundário e Originário.
4 – 10 Abr: O creodo cultural I
Decantação do Secundário produz neo-etologia – Ordem implícita dos recalques impõe creodo cultural ou caminho obrigatório – Introdução à teoria dos Cinco Impérios – No Primeiro Império (d’AMÃE) Primário é referência sintomática de vinculação – No Segundo Império (d’OPAI) passagem de Primário a Secundário é referência sintomática de vinculação – No Terceiro Império (d’OFILHO) Secundário é referência sintomática de vinculação – Interdição do incesto é invenção do Neolítico.
5 – 24 Abr: O creodo cultural II
No Quarto Império (d’OESPÍRITO) passagem do Secundário ao Originário é referência sintomática de vinculação – Fundação de Quarto Império é fundação de Modernidade – Características do Quarto Império – Quinto Império (do AMÉM) tem como referência o Originário – Questões sobre destemporalização no Quarto Império.
6 – 08 Mai: Oespírito, Amém
Fundamento místico do pensamento e experiência de eternidade – Questões sobre autonomia e independência – Exame da oposição holismo x individualismo – Proposição de soberania da Idioformação (individuholismo) – Ética e política segundo a Nova Psicanálise.
7 – 15 Mai: Estratos das formações culturais
Distinção entre renúncia na sociedade de castas e indiferença – Proposição dos Estratos das Formações – Estrato Recalque explica creodo antrópico – Estrato Pulsão (Haver desejo de não-Haver) define sexualidade – Sexo da Morte, Sexo do Haver, Sexo Consistente e Sexo Inconsistente – Questão dos estilos (Maneiro, Clássico e Barroco) a partir dos sexos.
8 – 22 Mai: Os sexos do Haver
Crítica aos conceitos de falo e castração – Apresentação das fórmulas quânticas de Lacan – Redução dos conceitos de falo e castração à ALEI Haver desejo de não-Haver – Retomada dos sexos a partir d’ALEI.
9 – 07 Jun: O estrato nosológico
Estrato nosológico decorre da ordem implícita – Ampliação do conceito de fixação – Entendimento vetorial das formações segundo a ordem implícita – Neurose é movimento estacionário de vetorização – Aspectos da dinâmica do recalque na neurose.
10 – 19 Jun: Nosografia
Retomada da neurose a partir dos graus de reificação – Fundação mórfica: positividade genérica do polimorfismo – Morfose é movimento progressivo de vetorização – Ordem da morfose implica vontade de legiferação – Distinção entre perversidade e perversão – Avesso da perversidade é fobia – Psicose é movimento regressivo de vetorização – Hiper-recalque como terceiro grau de reificação – Apresentação da tanatose e da psicossomática.
11 – 26 Jun: O estrato alter/ego
Nota sobre o verbete Brésil do Dictionnaire de la Psychanalyse – Estrato Alter/Ego é consideração da comunicação entre formações por efeito de hiperdeterminação – Homogeneidade e heterogeneidade nas formações do Haver – Perguntas e respostas sobre temas desenvolvidos no primeiro semestre do seminário.
12 – 14 Ago: O globo da morte
Globalização como tentativa de apagamento de fronteiras e recrudescência sintomática – Creodo cultural é consideração sintomática das emergências – Globalização como abstração é emergência de Quarto Império – Para psicanálise movimento de indiferenciação suscita recrudescência das formações – Diagnóstico da insuficiência neo-liberal em globalizar o mercado.
13 – 21 Ago: Como-única-ação
Transformática situa Nova Psicanálise como teoria genérica da comunicação ou metapsicanálise – Conceito de transa ou transação é princípio de entendimento dos processos de vinculação – Vínculo Absoluto ou Originário; vínculos secundários (suspensivo e neo-etológico); vínculos primários – Redução de transferência, transa e comunicação à idéia de Transe.
14 – 04 Set: Transar: transir
Acepções do verbo transir – Entendimento topológico do transir – Transa é Revirão – Transa entre formações suspende embargo das resistências – Definição de informação, consciência,conhecimento e sabedoria.
15 – 18 Set: A respiração d’Oespírito
Comentários sobre o Simpósio Comunicação e Cultura na Era Global (data??) – Condições de instalação do Quarto Império e seus embargos – Dois problemas para a contemporaneidade: sustentação da palavra dada e regime da paranóia – Entendimento do caso Aimée como paranóia de auto-afirmação.
16 – 09 Out: Solitariedades I
Vínculo Absoluto e regime de solitariedade como referência para as vinculações – Crítica à concepção de imperativo na ética – Ética da Nova Psicanálise é encaminhamento progressivo ao Cais Absoluto – Análise da junção de Kant com Sade na tese lacaniana sobre ética.
17 – 16 Out: Solitariedades II
Análise da máxima lacaniana “não abrir mão de seu desejo” – Hipótese do fundamento psicótico do enunciado legal – Reconhecimento e suspensão de morfose e psicose n’ALEI Haver desejo de não-Haver – Referência da psicanálise é o analista.
18 – 23 Out: “Brasil, mostra tua cara” I
Considerações sobre a recrudescência cultural – Entendimento da cultura brasileira a partir dos estratos – Estrato pulsão e hipótese do Brasil maneirista.
19 – 30 Out: “Brasil, mostra tua cara” II
Estrato recalque e vocação brasileira para Quarto Império – Macunaísmo é elemento maneiro da cultura brasileira – Análise da sintomática “querer levar vantagem em tudo” – Equivalência entre capital e pulsão: economia pulsional.
20 – 13 Nov: “Brasil, mostra tua cara” III
Estrato Alter/Ego e heterofagia da sintomática brasileira – Síndrome do Mazombo como face negativa da heterofagia – Descrição das vertentes obsessiva e histérica do mazombismo – Heterofagia e mazombismo: caráter nosológico nacional – Exemplos de afirmação da sintomática brasileira: Villa-Lobos, Guimarães Rosa, Glauber Rocha.
21 – 20 Nov: “Brasil, mostra tua cara” IV
Retomada do Estrato nosológico: neurose, morfose e psicose – Estrato nosológico e base sintomática (heterofagia/mazombismo) – Distinção entre base sintomática e sua apropriação nosológica – “Jeitinho” brasileiro é sintoma maneiro – Reiteração da tese sobre o Maneirismo.
22 – 27 Nov: Conclusão
Resumo das questões apresentadas no seminário – Indicações para uma teoria generalizada da comunicação – Discussão sobre comunicação entre os registros Primário e Secundário.
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