SEMINÁRIOS
Grande Ser Tão VeredasResumo
Local: Sede do CFRJ |
“O que é a psicanálise? Depois de tudo que já se disse, que já se perguntou, e de Lacan ter dito que a psicanálise é essa questão? Mas não basta ficar pseudo-tautologicamente repetindo ‘o que é a psicanálise?’, pois vira cacoete. Tanto é que cada qual disse o que era,e pelo menos naquele momento ficava sendo assim. E estou com vontade de dizer o que é a psicanálise... por enquanto”.
Eis a via tomada pelo autor nesse livro que transcreve seu Seminário de 1985. Nele se reitera que a psicanálise é Arte de transformar o sonhador em artista e que fazer a teoria desa arte é uma Est’Ética. Decorrem daí seu trabalho de eliminar a diferença entre Natureza e Cultura e estender a aplicabilidade da estética à ordem de produção do que há. Assim, tomar o que chamam natureza como da ordem do factício implica repensar as relações entre sintoma e fantasia; reestudar o conceito de Mimese; reconsiderar os Discursos da psicanálise; re-situar a psicose e sua dependência à foraclusão do Nome do Pai; requestionar a fronteira entre psicanálise intensiva e extensiva...
Em meados dos anos 1980, com o declínio do temor da bomba atômica, as referências das pessoas ainda estavam presas a núcleos valorativos e sintomáticos de uma cultura estabilizada, mas que já se espatifavam a olhos vistos em todo o planeta.
É quando o autor aponta para a “Pomba Adâmica”, a bomba informacional que já explodira com virulência maior que a da Aids e cujos efeitos continuam repercutindo no século XXI. Século que muito tem a ganhar com os conceitos e temas propostos neste livro e posteriormente desenvolvidos no decorrer da obra de MD Magno: o Terceiro Sexo, como posição lógica de nossa mente; o Falanjo, nome dado ao operador desta posição terceira; o Maneiro, que, para além e aquém de Clássico e Barroco, caracteriza o estilo artístico, artificioso e arteiro do funcionamento de nossa espécie; o Dramalhão, como melhor definição para o “drama barroco” estudado por Walter Benjamin; o Brasil, como lugar possível de uma Grande Malandragem refinada, maneira, para fora de sua oscilação entre histeria e autoritarismo...
Este livro registra um importante momento criativo do autor, quando passa a explicitar seu ensino como busca de reformatação necessária ao aparelho teórico-clínico da psicanálise para enfrentar as novas questões que o ambiente psico-sócio-tecnológico começa a impor ao mundo.
Sumário
Primeira Parte: HÁ
Segunda Parte: OU
1 – 09 Mai: Sujeito, referências e paradoxos
O indecidível nos paradoxos e no teorema de Gödel – Certificação do sujeito e a questão da indecidibilidade em Lacan – Esquema de uma cosmologia psicanalítica a partir do Revirão –Sujeito da denúncia como neutralidade entre masculino e feminino – Quadro das modalidades lógicas de referência significante.
2 – 23 Mai: Só há mulheres
Não há a exceção fundadora de um paratodo dos homens – Masculino é uma conjetura lógica – Não há homens – Neurose obsessiva ou histérica: tentativa de fabricar o homem – Neurose e perversão são formas de escapatória da psicose.
3 – 13 Jun: Clínica: diferença sexual e castração
Estatuto do universal em Aristóteles e Lacan – Reconsideração do particular afirmativo nas fórmulas quânticas – Característica circular e recursiva das fórmulas quânticas – Estatuto preceitual do universal afirmativo – Lugar da LEI nas fórmulas quânticas – Entendimento da nosologia a partir das fórmulas quânticas.
4 – 27 Jun: Os quatro discursos: grupo quadrado e curvas cônicas
Avesso dos quatro discursos: zen, iniciação, ciência, capitalista – Correlação dos quatro discursos com as curvas cônicas (circunferência, elipse, parábola, hipérbole) – Compatibilidade entre os discursos e as curvas cônicas: mestre/circunferência; histérica/ elipse; analista/parábola; universitário/hipérbole – Impossibilidade do discurso do senhor.
Est’ética da psicanálise
5 – 15 Ago: Est’ética da psicanálise
Obra-de-arte e psicanálise expõem travessia de fantasia – Filosofia como síntese impossível dos alelos de um Revirão – Psicanálise como psicossíntese – Questões sobre artifício, psicose, esfacelamento dos valores sintomático na atualidade – Psicanálise como prática é uma arte, como teoria, uma estética – Aproximação entre emergência de artista e passe em psicanálise.
6 – 29 Ago: Dramalhão: luto e jogo
Psicanálise como arte e est’ética leva à produção de analistas – Disseminação da psicanálise é sua dissolução – Proposta de distinção entre luto e melancolia – Tese sobre o dramalhão ou drama barroco alemão.
7 – 12 Set: Maneiro: o terceiro, sexo do falante
Proposição de Terceiro Sexo: Falanjo – Questionamento sobre o estilo brasileiro – Maneiro como Terceiro Sexo – Maneirismo como estilo brasileiro – Função da alegoria no Maneirismo – Diferocracia como governo do sintoma maneiro.
8 – 10 Out: Rafael-la dos Santos: a trans-figuração do falanjo
Apresentação de Rafael Sanzio – Breve caracterização do Maneirismo – Análise do quadro A Transfiguração, de Rafael - Obra de arte é maneira – Estilística borromeana: masculino, feminino e falanjo – Reconsideração do Maneirismo na história da arte.
9 – 24 Out: Pleroma
Apresentação da idéia de Pleroma – Análise das fórmulas quânticas de Lacan – Proposição das fórmulas do sexo que não-há (~$xFx. "x~Fx) e do terceiro sexo ou falanjo ($xFx. ~"x~Fx) – Falanjo: Lei da Diferença ou puro Nome – Questões em torno da proposição da fórmula do falanjo.
10 – 07 Nov: Um lugar de estar-e-ser
Exame da proposição freudiana Wo Es war, soll Ich werden – Consistência do lugar intersticial do sujeito em Lacan – Sujeito é lugar terceiro de In-diferença – Insustentabilidade do conceito de democracia para pensar a diferença – Vigência do terceiro sexo na diferença sexual – Correlação dos sexos (masculino, feminino, terceiro sexo) com os quatro discursos.
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