SÓPAPOS
SóPapos 2018Situação: Publicado pela NovaMente Editora, RJ, 2020.
Este livro transcreve a fala de MD Magno em 2018. Continuam aqui seus SóPapos, iniciados em 2011 (“deixando correr os papos no aleatório, mas sem jogar conversa fora”), após os Seminários (1976-1999) e os Falatórios (2000-2010). É a conversa sobre a Nova Psicanálise, ou NovaMente, desenvolvida por ele desde a década de 1980: reformatação que unifica o aparelho teórico-prático da psicanálise e o mantém em consonância com os avanços no campo do conhecimento.
Os papos começam se referindo a Antígona: “Não existe lei alguma de mundo que seja da mesma ordem da Lei Absoluta. Todas são relativas”. É no âmbito dessa relatividade que “fazemos análise para tomar decisão, e não para chegar a alguma verdade. Ao tomar a decisão, estamos subditos à decisão que tomamos – isto é a Cura”. A decisão assim definida é um expediente necessário para encarar o fato de que, em nossa época, “estão todos fugindo para formações denegatórias. O que vemos, então, são os efeitos contemporâneos da pressão progressiva da tecnologia e a reação regressiva a esta pressão – coisa que vai durar e doer muito ainda”.
O panorama acirrado e dividido que vemos desenrolar-se agora em 2020 já era evidente antes: a matança psíquica substituiu a matança física. Daí Magno dizer que “é preciso parar de pensar que há gente boazinha. Não sabemos, desde Freud, que analisandos usam a transferência para atrapalhar a análise e derrubar o analista? Uma neurose é uma paralisia radical, odiosa e odienta”.
A tendência do século XXI não é paranoica como foi a do século XX, “e sim Progressiva – aquilo que chamavam perversão –, para bem e para mal”. No mais, “a dissolução das paranoias está deixando as pessoas perdidas, e os movimentos são progressivos”, em direção ao Quarto Império. Ao contrário da falta, “o excessivo é o substrato desta espécie, só que estamos num momento em que as formações de contenção perderam a moral”. Não se sabe o que acontecerá, mas uma coisa parece certa: “não há como parar a tecnologia”.
Em vários papos, o autor se detém na obra de James Joyce. Seu procedimento difere daquele de Lacan, que o reduziu à estrutura do sintoma. A referência ao Finnegans Wake é antiga em Magno, que, em 1982, dele retirara o termo Revirão (a operação clínica básica da Nova Psicanálise). A ênfase agora vai para a indicação desse texto como “a emergência e a formulação do Quarto Império”. Em 2019, essa perspectiva continuará a se desenvolver e ganhará um título: Joyce: Sense in Thomas. É o Joyce sem sintoma, o Joyce promotor da dissolução sintomática das línguas, como exemplo de dissolução do Terceiro Império (referência a Tomás de Aquino).
E os papos vão se desenrolando sobre a psicanálise: ser a ciência do Inconsciente, e não ciências humanas; ser uma desgovernética; visar um processo permanente de Indiferenciação, sem apego a qualquer tipo de legislação; e mais, não poder tomar partido, pois sabe que tudo está partido. O analista é uma nuvem de formações diante de outra nuvem de formações; a Técnica da psicanálise é a sustentação da Postura do Analista (vocação da Indiferença) e acolhimento das formações do analisando (para a metamorfose)...
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